Disputa de mercados: Inglaterra e Alemanha - Primeira Guerra Mundial - #04
Capa de livrinho alemão de 1903 intitulado Guerra na paz. 0 crescimento da marinha alemã incomodava demais o governo inglês. |
Você já sabe que a Revolução Industrial tinha começado na Inglaterra, lá no final do século XVIII. Durante muito tempo, o país ostentou o título de oficina do mundo. Afinal, ninguém possuía tantas fábricas. Mas, no começo do século XX, a indústria alemã estava ultrapassando a indústria inglesa. As fábricas alemãs produziam mais, com melhor qualidade, e mais barato. Em muitos países, as pessoas desistiam de comprar produtos ingleses para adquirir produtos alemães. Assim, os monopólios ingleses acabaram sendo prejudicados. Seus mercados estavam se reduzindo e os lucros, encolhendo.
Os empresários ingleses queriam acabar com os desagradáveis concorrentes alemães. E os empresários alemães, por sua vez, também gostariam que não existissem empresas inglesas competindo com as suas. Tratava-se dos lucros da burguesia alemã contra os lucros da burguesia inglesa. Pois é, como resolver essa questão? Os burgueses, investidores e proprietários dos monopólios dos dois países, chegaram à conclusão de que a maneira mais simples de destruir os concorrentes seria travando uma guerra.
Claro que não bastava os capitalistas pressionarem o governo para que ele entrasse na guerra. Erá preciso convencer o povo de que a guerra seria boa para todos. Pois esse serviço sujo de convencimento da população foi feito pelos grandes jornais. Nos jornais ingleses, por exemplo, sempre apareciam artigos do tipo: “Os alemães são um povo de bárbaros que ameaçam a Inglaterra”, ou, então, “Não haverá nenhum inglês que não seja beneficiado caso a Inglaterra derrote a Alemanha na guerra”. Do lado da Alemanha, os jornais belicistas (favoráveis à guerra) publicavam coisas parecidas:
Para que todos os alemães possam comer mais batatas e salsichas, é preciso destruir os arrogantes ingleses”. Percebeu, caro leitor? A população estava sendo preparada psicologicamente para aceitar aguerra que viria. Por trás disso tudo, a imprensa e os discursos políticos batiam na velha e intolerante tecla do patriotismo e do nacionalismo. Afirmavam: “Os verdadeiros patriotas querem a guerra”. E assim, em nome da pátria, milhões de operários se trucidariam enquanto os grandes empresários fariam contas para avaliar os lucros.