A voracidade imperialista - Primeira Guerra Mundial - #02


Caricatura francesa de 1903 mostra o poder monstruoso do capital e o protesto do cidadão comum. Muitas pessoas se sentiam impotentes diante do gigantismo dos monopólios. Apenas os socialistas acreditavam que o proletariado, unido, conseguiria mudar tudo
No final do século XIX, ocorreram trans­formações importantes na economia capita­lista. Para começar, a Segunda Revolução Industrial. As velhas máquinas a vapor nas fábricas de tecidos passaram a dar lugar às máquinas elétricas e aos motores a combus­tão. As indústrias mais importantes extraíam petróleo, fabricavam aço, máquinas, navios, produtos químicos e farmacêuticos. Impor­tantes setores da economia começa­ram a ser dominados por empresas gigantescas, os monopólios . Nqs EUA, por exemplo, em 1900 os trustes (monopólios) controlavam 81% da indústria química (ou seja, as empre­sas menores fabricavam, juntas, 19% do total de produtos químicos do país). A companhia norte- americana GE e as alemãs AEG e Siemens dividiam praticamente apenas entre elas o mercado mundial de produtos elétri­cos, como fios, lâmpadas e motores. (Você não precisa decorar esses nomes e núme­ros, claro. Eles estão aí só para você com­preender melhor as coisas.)
Os monopólios capitalistas cresceram tanto, ficaram tão gigantescos que não con­seguiam se contentar com o próprio merca­do nacional. Um monopólio inglês, por exemplo, não podia permanecer compran­do e vendendo apenas dentro da Inglaterra. Afinal, tinha se tornado uma empresa enor­me e precisava mais do que seu país queria abraçar outras partes do mundo. Do mesmo jeito, os monopólios franceses também não podiam se contentar apenas com o mercado francês, nem os americanos só com o ame­ricano, e assim por diante. Esses monopólios ha­viam se tornado gi­gantes econômicos, com uma fome que nunca podia ser sa­ciada. Quanto mais de­voravam, mais fome tinham. E tinham fome de quê?
Os monopólios tinham fome de matérias-primas, de mão- de-obra barata e de mais mer­cados consumidores. Matérias- primas (minérios, algodão, cacau etc.) para que as fábricas as transformas­sem em produtos úteis (minérios em aço, ferramentas e máquinas; algodão


em tecidos; cacau em chocolate etc.). Mão- de-obra barata para empregar nas minas, fazendas e empresas: trabalho duro em tro­ca de salários reduzidos e fabulosos lucros para os patrões donos dos monopólios ca­pitalistas. O mercado consumidor, claro, de­via crescer mais e mais para comprar uma produção que crescia sem parar.
E onde encontrar essas coisas? Ora, em outros países. Os monopólios precisavam in­vestir capital em outras áreas do mundo, criar verdadeiros impérios econômicos pelo planeta. Foi assim que esses monopólios, apoiados pelos governos de seus países, co­meçaram a lançar os tentáculos do polvo ca­pitalista para abraçar outros países de econo­mia mais frágil. Como você se lembra, o ca­pitalismo monopolista tinha tudo a ver com uma nova etapa da história do capitalismo: o imperialismo.
O conceito de imperialismo foi criado por economistas ingleses e alemães no começo do século XX. Para eles, o imperialismo tinha duas características principais: investimento de capital no estrangeiro e domínio econômico so­bre outros países.
Os países industriali­zados que já viviam o ca­pitalismo monopolista correram para formar grandes impérios econô­micos pelo mundo. Fran­ça, Inglaterra, Alemanha,
Itália, Bélgica, Holanda, todos eles conquistaram colônias na África e na Ásia. Além disso, empre­sas européias e norte- americanas abriam filiais nos países independen­tes da América Latina. O Japão, que também co­meçava a se tornar um país imperialista, avan­çou sobre países da Ásia.
Tudo isso, como acaba­mos de ver, para que os monopólios dos países imperialistas exploras­sem, em nações mais fra­cas, a matéria-prima, a mão-de-obra barata e o mercado consumidor.

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