As lutas do proletariado - República Velha


Diante dessa situação, os trabalhadores não podiam esperar muita coisa nem dos patrões nem dos governos. O proletariado só podia contar com ele mesmo. Sua força estava na união e na capacidade de
Meninos aprendizes no Espírito Santo (foto de 1910)
Meninos aprendizes no Espírito Santo (foto de 1910). 
Muitas fábricas exploravam mão-de-obra infantil. 
Hoje em dia é diferente?

luta.
Uma forma de luta operária utilizada no mundo inteiro é a greve. Os trabalhadores param de trabalhar enquanto o patrão não atender às reivindicações dos grevistas.
Já no começo do século XX, aconteceram movimentos em fábricas e empresas do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife e Salvador.
As greves geralmente eram organizadas pelos sindicatos. Na República Velha, foram fundados inúmeros sindicatos. Mas não era nada fácil organizar um sindicato, promover uma greve. Washington Luís, que foi presidente do Brasil de 1926 a 1930, cunhou uma frase que ficou famosa: "A questão social é um caso de policia". Percebeu o que ele quis dizer? Que se os trabalhadores estivessem passando fome e fizessem greve ("a questão social"), isso deveria ser resolvido pela polícia, que baixaria a paulada nos grevistas...
Elvira Boni
Elvira Boni, uma
militante libertária.
Os anarquistas
defendiam a
igualdade entre
homens e mulheres.
Note os jornais
operários pregados
na parede.
O movimento operário era muito perseguido. Quando o patrão descobria que um empregado estava organizando uma greve ou convidando os companheiros para uma reunião do sindicato, não tinha conversa: botava todo mundo no olho da rua. O governo também em severo com os trabalhadores. Grevistas eram considerados criminosos comuns e enviados para a cadeia, condenados a trabalhos forçados. Se fosse estrangeiro, o operário em greve poderia ser expulso do Brasil (Lei Adolfo Gordo).
O anarquismo foi muito importante no Brasil nos trinta primeiros anos do século XX. Os anarquistas organizaram os primeiros sindicatos e as primeiras greves do Brasil. Por isso, eram especialmente visados pela polícia.
Os anarquistas brasileiros não lutavam apenas através dos sindicatos. Eles também contribuíram para formar uma cultura operária bastante altica. Foram os primeiros a defender a alimentação "natural", a questionar a necessidade de as mulheres se casarem virgens e de obedecer ao marido. Havia teatros anarquistas onde se representavam peças alegres e com crítica social. Escreviam seus próprios jornais porque não acreditavam na "imprensa burguesa" (os grandes jornais), que, para eles, mentia sobre o movimento operário. Os anarquistas preferiam suas próprias escolas. Primeiro, porque quase não havia escolas para os filhos dos trabalhadores. Na República Velha, aprender a ler e a escrever ainda era um luxo. Segundo, porque os anarquistas não confiavam na "escola burguesa" (a escola tradicional), que, para eles, só servia para transformar as pessoas em submissos" ao governo e aos patrões. Dá para entender o motivo de os anar­quistas também serem chamados.
Em 1917, 1918 e 1919, estouraram greves operárias nas principais cidades do Brasil. Greves de dezenas de milhares de pessoas que combatiam a carestia (aumento absurdo dos preços), os baixos salários e o excesso de horas de trabalho. Elas causaram tanta preocupação às autoridades que o presidente da República teve de convocar tropas do Exército para acabar com a greve. Uma mostra clara de que o governo estava do lado dos patrões. A velha conversa de que "a questão social é um caso de polícia". Apesar de toda a repressão, alguns patrões tiveram de ceder. Os salários foram aumentados e reduziram-se as horas de trabalho diárias nas fábricas Vitórias do proletariado que os empresários tiveram de reconhecer.



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