Os coronéis e voto de cabresto - Brasil República - Resumo

       Os coronéis e voto de cabresto - Brasil República - Resumo 

Em cada estado, os governadores também precisavam trocar favores com os coronéis. (O coronel não era um militar). Esse era o apelido comum para o latifundiário. Os coronéis tinham força política no âmbito municipal. Ou seja, nas cidadezinhas do interior, mandavam no prefeito, no padre, nos vereadores, no delegado, no juiz, nos comerciantes. Além disso, controlavam a multidão de eleitores da cidadezinha e das áreas rurais por perto. Quase todo mundo votava no candidato que eles indicavam. Era como se tivessem um verdadeiro rebanho de pessoas que votavam servilmente, um verdadeiro curral eleitoral.
Voto de Cabestro
O desenhista K. Lixo,
 do começo do século XX,
 ironizou o sistema de voto aberto.
 A política, velha senhora, 
quer impedir que a 
verdade saia
 nua das urnas e
 tenta cobre-la com a folha de
 parreira da fraude eleitoral.
Por que era fácil o coronel controlar os votos de seu curral eleitoral? Porque a Constituição de 1891 estabeleceu que o voto não fosse secreto. Isso mesmo, qualquer pessoa poderia saber em quem você tinha votado. Bastava ler o seu voto. Agora, imagine que você fosse votar dentro da fazenda do coronel, num lugar com um enxame de homens ramados. Você teria coragem de votar em alguém diferente do candidato oficial? Bem, a não ser que você quisesse virar uma peneira humana com os tiros dos jagunços, é claro que seu voto seria no candidato do coronel, não é mesmo? Na verdade, o coronel nem precisava Usar a força. Geralmente, na época das eleições, ele dava festas, distribuía enxadas e facões para os homens pobres da roça, reformava a igreja, prometia instalar uma escolinha. Em troca, as pessoas votavam no seu candidato (lembremos que o voto podia ser controlado porque não era secreto).
Esse esquema de barganha presentinho versus voto é chamado de clientelismo eleitoral. Os coronéis se utilizavam do clientelismo eleitoral para dirigir o voto das pessoas. Era como se pusessem cabresto para guiar o eleitor, do mesmo jeito que.
Bota-se cabresto para guiar o cavalo. Daí o nome voto de cabresto.

Você captou direitinho como funcionavam as coisas? Vamos ver um exemplo. Suponhamos que os coronéis de uma região no interior do Brasil precisassem de uma ponte que ligasse suas propriedades a uma estrada importante. Quem ergueria a ponte? Ponte custa caro, você sabe. E quem tinha dinheiro para construí-la era o governo estadual. Mas o governo estadual só faria a obra em troca de um favor dos coronéis: nas eleições, eles teriam de arrumar votos para os candidatos indicados pelo governador. Os coronéis cumpriam a promessa exatamente porque controlavam seu curral eleitoral. Essa troca de favores políticos era típica da República Velha. Ela ia desde o presidente da República até o mais humilde eleitor do sertão.

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